CÂNCER DE MAMA: Riscos e Diagnóstico – parte I

By | 15/04/2020

O câncer de mama é o câncer mais comum entre as mulheres.

Segundo a Organização Mundial da Saúde ocorrem mais de 1.050.000 casos novos de câncer de mama em todo o mundo, por ano.

Os tumores de mama crescem em velocidades diferentes, estima-se que em média o tumor dobra de tamanho a cada 100 dias. Portanto, pode levar vários anos até que se torne palpável, já que o ponto de partida é uma célula alterada.

A mamografia pode achar tumores que não são palpáveis, mas que já são perceptíveis à radiografia.

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte i

Provavelmente estes tumores já estavam em crescimento muitos anos antes de serem detectados na mamografia.

A doença e seu tratamento afetam a imagem pessoal e a sexualidade da mulher e têm impacto social e econômico elevados, pois o câncer de mama atinge mulheres muitas vezes em idade fértil, economicamente ativas e que constituíram família.

Quando o diagnóstico é tardio, o tratamento é mutilante e agressivo.

Neste texto, conversamos sobre os dados epidemiológicos do câncer de mama, ou seja: quem são as pessoas mais sujeitas a ter câncer de mama. E também conversamos sobre os fatores de risco, quais são inevitáveis e quais são modificáveis.

No artigo CÂNCER DE MAMA: Riscos e Diagnóstico – parte II, conversamos sobre a detecção precoce do câncer de mama, os sinais e sintomas, o diagnóstico, o tratamento e o prognóstico.

Mais dados epidemiológicos…

O câncer de mama atinge principalmente mulheres entre 45 e 55 anos, e, embora raro, também pode atingir os homens. Para cada 100 mulheres diagnosticadas com câncer de mama, 1 homem também terá sido diagnosticado.

Conforme dados do Ministério da Saúde, o câncer de mama é a primeira causa de morte, por câncer, entre as mulheres e, entre 1979 e 2000, a taxa de mortalidade aumentou de 5,77 para 9,74 por 100.000 mulheres: uma variação percentual relativa de mais de 80 % em pouco mais de duas décadas.

Em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Holanda, Dinamarca e Noruega, houve um aumento da incidência do câncer de mama acompanhado de uma redução da mortalidade, devido à detecção precoce por mamografia para rastreamento e à oferta de tratamento adequado.

No caso do Brasil e em outros países, houve o aumento da incidência acompanhado do aumento da mortalidade, o que pode ser atribuído, principalmente, ao diagnóstico tardio e ao retardo na instituição de terapêutica adequada.

Fatores de risco de desenvolver câncer de mama

A incidência do câncer de mama aumentou significativamente nos últimos vinte anos, provavelmente como consequência da mudança de padrão reprodutivo feminino.

No passado, as mulheres casavam cedo, logo engravidavam e tinham muitos filhos até a menopausa, o que reduzia número de menstruações durante este período e significava menor exposição aos estrógenos que estão mais elevados na primeira metade do ciclo menstrual.

Na sociedade atual industrializada, as mulheres têm menos filhos e, portanto, sucessivos ciclos menstruais com ação repetida de estrógeno e de progesterona nos tecidos mamários e provável aumento do risco de desenvolver câncer de mama.

Além deste fato, há outros fatores que aumentam esse risco e podem ser divididos em fatores inevitáveis e fatores modificáveis.

Há fatores que não aumentam o risco, mas podem dificultar a visualização de tumores pela mamografia, sendo muitas vezes necessária a realização de incidências adicionais nas radiografias como a presença de lesões na pele ou a colocação de próteses de silicone.

Fatores inevitáveis:

Idade: o risco aumenta agudamente a partir do 45 anos de idade, com ápice ao redor dos 65 a 70 anos. 75% a 80% das mulheres com câncer de mama têm mais de 50 anos. O risco em mulheres de 30 anos é de 1 em 2000 e em mulheres de 75 anos o risco é de 1 em 10;

História familiar: 85% a 90% dos casos não têm relação com a história familiar, ou seja, não estão ligados a predisposições genéticas. Nos 10% a 15% com história familiar positiva, o risco é elevado.

Quanto maior a proximidade do parentesco, maior o risco. Um parente de primeiro grau com câncer de mama aumenta o risco em 1.8 vezes. Dois parentes de primeiro grau aumenta o risco em 2.9 vezes. Se tem um parente de primeiro grau com câncer de mama antes dos 40 anos, o risco de também tê-lo antes dos 40 aumenta em 5.7 vezes.

Quando há vários casos de câncer de mama ou de ovário em familiares com menos de 50 anos, casos com câncer nas duas mamas (apresentação bilateral), ou casos de câncer de mama em homens da família, deve-se suspeitar de predisposição genética, isto quer dizer que a família provavelmente possui mutações nos genes BRCA1 e BRCA 2. Mulheres com estes genes alterados apresentam 65% de chance de virem a ter câncer de mama até os 70 anos.

Menarca precoce: ter a primeira menstruação antes dos 11 anos triplica o risco;

Menopausa tardia: ter a última menstruação depois dos 55 anos duplica o risco;

Algumas lesões benignas de mama: ter tido previamente um nódulo mamário benigno com diagnóstico de hiperplasia ductal atípica aumenta de 4 a 5 vezes o risco. A maioria das lesões benignas da mama, como fibroadenoma simples, alterações fibrocísticas, papiloma e ectasia ductal, não acarreta em maior risco de câncer de mama.

História pessoal prévia de câncer de mama: aumenta quatro vezes a chance de ter novo câncer, seja na mesma ou na outra mama.

Altura: não sabe o motivo, mas mulheres mais altas apresentam maior risco de câncer de mama. Mulheres com mais de 1,75m apresentam 20% mais risco que mulheres abaixo de 1,60m.

Densidade das mamas: mulheres com mamas mais densas apresentam maior risco de câncer de mama e uma maior dificuldade em diagnosticá-lo pela mamografia. Atenção: a densidade da mama não necessariamente tem a ver com seu tamanho.

Radiação na região do tórax: pessoas com história prévia de radioterapia na região torácica, como no tratamento do linfoma, ou que entraram em contato com material radioativo maciçamente, como em acidentes nucleares, apresentam maior risco de câncer de mama. O risco é ainda maior se a exposição ocorreu durante a juventude.

Esses são fatores inevitáveis, mas não são “desconhecidos”.

Portanto, a presença deles não é uma sentença, mas um alerta!

Fatores modificáveis

Idade da primeira gravidez e número de filhos: quanto mais cedo a primeira gravidez, menor o risco. Mulheres acima dos 40 anos que nunca tiveram filhos são as que apresentam maior risco, cerca de 30% maior. Estima-se que cada filho reduza em 7% o risco de câncer de mama;

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte i

Não amamentar: amamentar reduz o risco de câncer de mama em 4.3% para cada 12 meses de amamentação realizada. Mulheres com muitos filhos e com longo tempo de amamentação estão mais protegidas.

Obesidade: quanto maior o tecido gorduroso, maior o risco. Mulheres com IMC acima de 33 kg/m2 apresentam 27% mais risco que mulheres com IMC normal. Após a menopausa, este risco é ainda maior;

Dieta rica em gordura: Consumo exagerado de alimentos gordurosos aumenta o risco 1,5 vezes.

Consumo de álcool: o consumo de álcool aumenta o risco. Quanto maior o consumo, maior o risco. Quando excessivo, aumenta em 1,3 vezes. O álcool ainda parece potencializar o risco da terapia de reposição hormonal;

Uso pílulas anticoncepcionais: há controvérsia sobre a influência dos anticoncepcionais no câncer de mama. Atualmente aceita-se que haja um pequeno aumento no risco, em torno de 1,24 vezes, que desaparece após sua suspensão;

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte i

Reposição hormonal: principalmente a que combina estrogênio com progesterona está relacionada a um maior risco de câncer de mama (1,35 vezes). Este risco ocorre quando o uso é feito por mais de 5 anos;

Sedentarismo: exercícios físicos diminuem o risco, independente se há redução de peso, pois diminuem a quantidade de hormônio feminino circulante. 40 minutos de caminhada 3x por semana já são suficientes para reduzir o risco. Mulheres que praticam exercícios mais intensos chegam a ter até 40% menos chance de desenvolver câncer de mama. A Sociedade Americana de Oncologia recomenda 45 minutos diários de exercícios por, pelo menos, 5 dias por semana.

Trabalho noturno: Mulheres que trabalham em turnos noturnos apresentam um risco maior de câncer de mama, provavelmente por alterações na secreção dos hormônios de ritmo circadiano (ocorre durante a madrugada) que é inibida pela luz artificial.

Uma outra forma de apresentar o risco para o câncer de mama é de acordo o grau de risco: muito elevado, mediamente elevado e pouco elevado.

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte i

Como o nome já diz, são fatores modificáveis, cabe a cada mulher observar e mudar o que for possível para tentar evitar o desenvolvimento do câncer de mama.

Estudos sugerem a deficiência de vitamina D neste tipo de câncer. Leia sobre a importância da vitamina D aqui e os benefícios para a saúde aqui.

Este assunto continua no artigo CÂNCER DE MAMA: Riscos e Diagnóstico – parte II.

Referências