CÂNCER DE MAMA: Riscos e Diagnóstico – parte II

By | 15/10/2019

No artigo CÂNCER DE MAMA: Riscos e Diagnóstico – parte I conversamos sobre os dados epidemiológicos do câncer de mama, ou seja: quem são as pessoas mais sujeitas a ter câncer de mama. E também conversamos sobre os fatores de risco, quais são inevitáveis e quais são modificáveis.

Neste texto vamos conversar sobre a detecção precoce do câncer de mama, os sinais e sintomas, o diagnóstico, o tratamento e o prognóstico para quem tem câncer de mama.

Detecção precoce do câncer de mama

mamografia, que é uma radiografia simples das mamas, é o método de escolha para o diagnóstico e rastreamento do câncer de mama. Este exame apresenta sensibilidade de 46% a 80% e especificidade de 82% a 99%.

Seu valor preditivo, isto é, a capacidade que ele tem de dizer se há ou não um tumor, depende do tamanho e localização da lesão, da densidade mamária, da qualidade do equipamento e da habilidade do quem fornece o laudo.

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte ii

Mesmo quando a qualidade é excelente, a taxa de falso negativo é de 10 a 15 %, podendo chegar a 40% em mulheres com mamas densas. Falso negativo é quando o resultado do exame é normal e a mulher tem câncer de mama.

Para a detecção precoce do câncer de mama, o Ministério da Saúde recomenda: Considerando isso, uma mamografia normal não exclui a possibilidade de haver câncer de mama se, ao exame clínico, for percebida alguma anormalidade e o médico deve continuar a investigação por outros métodos diagnósticos.

  • Rastreamento por meio do exame clínico da mama, a partir de 40 anos de idade, anualmente.;
  • Rastreamento por mamografia, para as mulheres com idade entre 50 a 69 anos, com o máximo de dois anos entre os exames;
  • Exame clínico da mama e mamografia anual, a partir dos 35 anos, para as mulheres com risco elevado de desenvolver câncer de mama;

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte ii

Para o Ministério da Saúde, as mulheres com risco elevado para o desenvolvimento do câncer de mama são:

  • Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama, abaixo dos 50 anos de idade;
  • Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
  • Mulheres com história familiar de câncer de mama masculino;
  • Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou carcinoma lobular in situ.

Sinais e sintomas do câncer de mama

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte ii

O câncer de mama normalmente não dói.

A mulher pode perceber um nódulo (“caroço”) endurecido que antes não percebia. Ela também pode notar uma deformidade na mamas, ou estas podem estar assimétricas. Pode ainda perceber uma retração na pele ou um líquido sanguinolento saindo pelo mamilo.

Em casos mais avançados pode aparecer uma ulceração (“ferida”) na pele com odor desagradável. No carcinoma inflamatório, a mama pode aumentar rapidamente de tamanho e ficar quente e vermelha.

Diagnóstico do câncer de mama

Exame clínico

O exame clínico da mama é fundamental para o diagnóstico de câncer de mama. O exame clínico da mama é parte do exame físico e ginecológico, e, a partir dele, é que indica-se a solicitação dos exames complementares. É composto de inspeção estática e dinâmica das mamas com a mulher sentada, palpação das axilas e palpação das mamas com a mulher deitada (decúbito dorsal).

Ultra-sonografia

A ultra-sonografia (USG) é o método de escolha para avaliação das lesões palpáveis em mulheres com menos de 35 anos, já que, nessa idade, a densidade da mama reduz o valor preditivo da mamografia. Naquelas com idade igual ou maior a 35 anos, a mamografia é o método de indicado.

A mamografia pode ser complementada pela ultra-sonografia quando o nódulo é sem expressão em mama densa ou em zona cega na mamografia, quando o nódulo é regular ou levemente lobulado podendo ser um cisto e quando a densidade é assimétrica e difusa, podendo ser lesão sólida, cisto ou parênquima mamário.

Dependendo do aspecto radiológico e ultra-sonográfico, se a lesão é ou não palpável e dos resultados de cada exame, o especialista indicará o seguimento adequado para o diagnóstico da lesão, como  punção aspirativa por agulha fina (PAAF) para diagnóstico citológico ou punção por agulha grossa (PAG) ou biópsia cirúrgica convencional para diagnóstico histológico.

Tratamento do câncer de mama

Para o tratamento do câncer de mama, a abordagem deve ser integral, por uma equipe multidisplinar.

As modalidades terapêuticas disponíveis atualmente são a cirúrgica e a radioterápica para o tratamento loco-regional e a hormonioterapia e a quimioterapia para o tratamento sistêmico.

Cirurgia

Há diferentes tipos de cirurgia e a escolha de qual o procedimento adequado depende do estadiamento clínico e do tipo histológico do tumor. A cirurgia pode ser conservadora ressecção de um segmento da mama (setorectomia, tumorectomia alargada e quadrantectomia), com retirada dos gânglios axilares ou linfonodo sentinela, ou a cirurgia pode ser não-conservadora (mastectomia). A extensão da mastectomia pode variar e a reconstrução pode ou não ser imediata, conforme a extensão do tumor e sua agressividade.

Radioterapia

É utilizada com o objetivo de destruir as células remanescentes após a cirurgia ou para reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia. Após cirurgias conservadoras sempre deve ser aplicada em toda a mama da paciente mesmo com as margens cirúrgicas livres de comprometimento neoplásico.

Quimioterapia e hormonioterapia

A terapia sistêmica segue-se ao tratamento cirúrgico a fim de reduzir o risco de recorrência. Em alguns casos, o médico poderá optar por realizar a quimioterapia antes do procedimento cirúrgico e, após este, indicar radioterapia.

A quimioterapia também está indicada na doença metastática.

A quimioterapia pode causar queda de cabelo que é reversível depois do tratamento. Esse tipo de queda de cabelo é chamado de eflúvio anágeno.

Leia sobre eflúvio anágeno no artigo Queda de Cabelo: Tipos de Alopecia – parte II. Para outros tipos de queda de cabelo, recomendamos ler a primeira parte: Queda de Cabelo: Tipos de Alopecia – parte I‘.

Para aquelas que apresentarem receptores hormonais positivos, a hormonioterapia, também está recomendada.

Fatores prognósticos

Os principais fatores prognósticos do câncer de mama são o tamanho do tumor, o comprometimento axilar, o tipo histológico, o grau histológico, receptores hormonais e c-erb B2.

O médico especialista avaliará cada caso, conforme o conjunto destes fatores.

Pode-se adiantar que uma mulher com tumor menor que 2 cm a sobrevida em 5 anos é de 75% e a sobrevida cai para 16% quando tamanho é maior que 7 cm.

Seguimento

O seguimento das pacientes com câncer de mama após tratamento deve contemplar história, exame físico, mamografia e exame ginecológico conforme o tempo decorrido.

No quadro abaixo segue recomendações para o seguimento de mulheres com câncer de mama. O médico definirá como será o seguimento conforme cada caso.

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte ii

Considerações finais

CÂncer de mama: riscos e diagnóstico – parte ii

A mulher deve conhecer as suas mamas para saber se alguma coisa anormal está acontecendo. As mamas se modificam ao longo do ciclo menstrual e ao longo da vida. Se perceber alguma alteração, a mulher deve procurar o seu médico rapidamente. Só o médico pode dizer se a alteração pode ou não ser devido a um câncer de mama.

Se a mulher tem o hábito de realizar o autoexame das mamas deve entender que este não substitui o exame físico realizado pelo médico. Portanto, toda mulher deve ir ao ginecologista uma vez por ano para fazer o exame preventivo do colo de útero e, nesta consulta, o médico deve examinar as mamas também: faz parte do exame físico ginecológico.

Embora menos comum, o câncer de mama também pode atingir os homens que, por isso, devem observar os sinais da doença como nódulo não doloroso abaixo do mamilo, retração da pele, ulceração e saída de líquido dos mamilos. Homens, não tenham preconceito!

Este artigo é continuação de CÂNCER DE MAMA: Riscos e Diagnóstico – parte I.

Referências